Onde se encontram histórias pouco sérias ocorridas (a sério!) nos tribunais. Este blog viveu, entre Dezembro de 2004 e Janeiro de 2006, das contribuições de quem o leu.

28.1.05

Hip. hip. hics...

As histórias de bêbedos costumam ser engraçadas. Ou então dramáticas. Desde que passou a ser proibido conduzir sob o efeito de álcool, acumularam-se histórias destes dois tipos nos tribunais.

Quem escreve estas linhas presenciou, num julgamento sumário, a desculpa que o responsável por um acidente deu, por acusar uma taxa de alcoolemia superior à legal. Disse que ficou tão nervoso com o choque que, logo que chamou a polícia, entrou num café e pediu um bagaço, para acalmar. Terá sido por isso que acusou álcool no teste. Esqueceu-se de referir que, na altura, a polícia lhe perguntou se tinha bebido álcool no último quarto de hora, ao que respondeu que não.

O julgamento sumário que se seguiu a este foi o de um operário da construção civil que, às quatro da manhã de uma noite de fim-de-semana, não soprou no balão porque já não o conseguiu fazer. Retirado do interior do veículo que conduzia, não conseguiu manter-se em pé. Foi levado, com o seu carro, para o posto policial onde, sem dizer uma palavra, adormeceu nos bancos de madeira da entrada, até às sete horas, altura em que mudou o turno dos polícias. Os agentes entrados de fresco, dando conta dele, sem saberem o que se passava e julgando ser um sem abrigo, mandaram-no embora. Pouco depois, o azarado operário foi de novo detido, porque ao arrancar com o seu carro embateu violentamente contra os carros patrulha da esquadra. Aos agentes policiais de turno coube explicar porque deixaram conduzir um cidadão com uma taxa de álcool no sangue de 3,5.

No último sumário desta série foi julgado um cidadão que, no fim do julgamento, manifestava pretender processar os agentes da BT que o tinham detido, com excesso de álcool, porque os mesmos eram seus conhecidos (embora não simpatizassem com ele), sabiam que naquele dia decorria o baptizado de um seu sobrinho e tinham procurado aquela ocasião para o apanharem. Na sala não houve comentários.