Onde se encontram histórias pouco sérias ocorridas (a sério!) nos tribunais. Este blog viveu, entre Dezembro de 2004 e Janeiro de 2006, das contribuições de quem o leu.

1.4.05

Estes romanos são loucos…

Esta história, trazida por mão de advogado amigo, ocorreu num tribunal do sul do país.

Era uma vez… um juiz desleixado, que com a sua incúria prejudicava todos os funcionários do tribunal. Até que chegou ao tribunal uma escrivã nova, de sangue na guelra e pêlo na venta. Ao contrário da sua antecesssora, passou a não tolerar os disparates do juiz, a quem enfrentava, exigindo-lhe que cumprisse aquilo que tinha que cumprir.
O juiz, cheio de si, achou que deveria reagir. Passou a enviar-lhe bilhetinhos com insultos, agrafados aos despachos que ia escrevendo.
Um certo dia, mandou um bilhete que dizia “a funcionária F… é PIDE e ganha mais que eu”. A escrivã não aguentou mais: desagrafou o papelinho do despacho e anexou-o a uma queixa contra o juiz, que dirigiu ao Tribunal da Relação, por injúrias.
Na volta do correio, recebeu uma queixa do juiz, contra ela, por furto (do “documento”...). O Ministério Público na comarca aceitou esta tese e deduziu acusação, por furto. Depois de requerida a instrução, a funcionária veio a ser pronunciada. Agora já não por crime de furto, mas antes pelo crime de apropriação ilegítima de coisa achada (a coisa achada era o dito "documento"...).
O processo acabou por ficar por ali, porque veio uma amnistia.
E se não tivesse vindo?