Onde se encontram histórias pouco sérias ocorridas (a sério!) nos tribunais. Este blog viveu, entre Dezembro de 2004 e Janeiro de 2006, das contribuições de quem o leu.

22.2.05

Excelentíssimo Senhor Doutor

O estilo epistolar policial é muito rígido e formal. Está ainda muito marcado por um tempo em que a reverência era mais importante que a substância e em que os tribunais eram instituições onde pontificavam semi-deuses a quem, como aos antigos lamas tibetanos, não podia olhar-se directamente nos olhos. Este estilo rebuscado tem, frequentemente, dificuldades em abordar com eficácia os problemas concretos que tem em vista solucionar.

Numa certa comarca rural, um determinado organismo policial pretendia cumprir as formalidades legais relacionadas com a apreensão de uma pistola referenciada num concreto processo criminal. Pretendeu por isso saber do estado do processo, junto do tribunal. Escreveu um ofício, no qual com “todo o respeito, solicitava que fosse informado se o processo em causa já estava na fase de julgamento e, em caso afirmativo, solicitava que aquele tribunal se dignasse informar o que se lhe oferecesse acerca do assunto, ou seja, o destino dado à pistola nele apreendida” (sic).