Assim aconteceu um dia, nos Juízos Criminais de Lisboa, onde se deslocou uma jornalista estagiária, para cobrir o seu primeiro julgamento. Quando a sessão estava prestes a iniciar-se, a novata perguntou para um colega que estava ao seu lado:
- Se ali está a Juiz, ali a Advogada de defesa e ali o Procurador, onde vai sentar-se o Ministério Público?
Os arguidos, normalmente, também são novatos e inexperientes nesse papel.
No mesmo Tribunal Criminal de Lisboa, um certo arguido estava a ser julgado por um crime de natureza económico-financeira. Na parte final do julgamento, a juiz fez-lhe perguntas sobre as suas posses e rendimentos. Tinha em vista dispor de informação que lhe permitisse fixar o montante da multa, se porventura viesse a impor-lhe uma pena desse tipo. Como é sabido, o valor concreto de cada dia de multa é fixado em função da situação económica e financeira do arguido.
Este, era pouco esperto e muito vaidoso. Não querendo prejudicar a imagem de empresário de sucesso que julgava ter, respondeu que não tinha salário fixo, havendo alturas em que ganhava muito dinheiro e outras em que ganhava menos.
A juiz, que precisava de dados concretos, provocou uma resposta concreta, perguntando:
- Ganha 1000, 2000, 5000 contos por mês?
O arguido, do alto da sua soberba, respondeu apenas que havia meses em que até ganhava muito mais.
Foi condenado na taxa diária máxima.
Porém, ser novato não é uma desgraça incontornável.
No decurso de uma busca, numa aldeia duma comarca rural de Trás-os-Montes, a GNR procurava uma arma de fogo com a qual se julgava ter sido praticado um homicídio. Presidia à diligência um Procurador-Adjunto que acabara de ser colocado na comarca, em primeira nomeação.
O dono da casa onde decorria a busca, suspeito do crime, já calculava que pudesse ser efectuada esta busca e, dirigindo-se ao novato Magistrado do Ministério Público, entregou-lhe uma velha e enferrujada pistola, dizendo-lhe que aquela era a única arma que havia em casa.
Temendo estar a ser enganado, o Procurador pediu a opinião do cabo da GNR que o acompanhava.
A resposta deste foi esclarecedora:
- Esta, mete medo a dois.
Mais tarde explicou que o segundo, destes dois, era aquele que supostamente iria disparar.